Não é novidade que o frio ataca a DSR. Isso todos os portadores de DSR e as pessoas que acompanham o blog já sabem. Mas que ele é cruel, ah, isso é mesmo.
Recordo-me que quando comecei a fazer fisioterapia com o Dr. Carlos Melo ele foi muito sincero comigo me informando que íamos tratar para que eu ficasse com a menor seqüela possível, mas que eu ficaria com alguma seqüela sim. Falou que DSR não tinha cura e que a dor que eu estava sentindo me acompanharia para o resto da vida, depois que ela estabilizasse. E que a minha perna sofreria de osteoporose precose e intensa. E outra coisa interessantes que ele me alertou foi sobre o frio, que se ele fosse eu pensaria seriamente em me mudar para uma cidade mais quente, pois assim eu sofreria menos.
É....o tempo passou e olho para trás e vejo que tudo que ele me ensinou é a mais pura verdade. Tem dias, como hoje, que sinto vontade de mudar de cidade, pois não há meias que consigam aquecer a perna. Hoje, por exemplo, estou com uma calça de lã, duas meias de alpaca, mais aquela perna de meia de soft e uma calça por cima disso tudo. E com bota forrada de pêlo. E acredita que o pé e a perna estão me matando de dor? Mas é dor de DSR gerada pelo frio. Eu conheço cada tipo de dor. A dor gerada pelo frio, a gerada pelo peso do corpo sobre a perna, a de contato, a do vento, a do estress e a do movimento da musculatura da perna. Mas sinceramente, a pior é a gerada pelo frio.
Só que não adianta que as pessoas não acreditam na dor que a gente sente. Principalmente a minha, pois sou uma pessoa muito sorridente e de bem com a vida. Sei que deve passar na cabeça dos outros - ah, deve ser igual a minha dor de coluna, ou então, deve ser igual quando eu torci o pé. Agora aprendi a não falar mais sobre a dor com os outros, pois não adianta. As pessoas não entendem, não conhecem e não acreditam que não há remédio que passe a dor. Acham que deve ser como uma dor de cabeça, que quando aparece, toma o remédio e pronto, depois de quinze minutos passou.
Ultimamente quando encontro com pessoas na rua que ainda não me viram de muletas e perguntam o que houve? Eu simplesmente respondo : caí em casa. E só. Não adianta gastar saliva para explicar o que nem a medicina sabe explicar.
Mas mudando de assunto e contando coisas boas - pois o meu blog é para contar coisas boas e sempre as minhas conquistas. Tenho uma novidade incrível para contar para vocês :
Estou trabalhando!!! Sim, Deus é muito bom!!! E permitiu que eu voltasse a trabalhar. E está sendo ótimo. Tive todo o apoio da empresa que eu trabalho e dos meus colegas de trabalho também. Para quem deve estar se perguntando como eu consegui voltar a trabalhar usando muletas, sem conseguir descer escada, com DSR e a empresa aceitou? É lógico que tive que passar pela avaliação de peritos no INSS e pela Reabilitação profissional do INSS, que foram muito legais comigo também me apoiando na minha tentativa de volta ao trabalho.
Confesso que não está sendo fácil, mas é gratificante. A felicidade de voltar a trabalhar supera qualquer dor que possa me derrubar. No começo foi muito difícil pois eu não conseguia dormir durante a noite de tanta dor, mas as coisas foram se ajeitando, eu me adaptando, as pessoas também se adaptando a mim. E estamos indo. Deixei de fazer algumas coisas que eu fazia e as pessoas passaram a avaliar o que pedir para mim. É interessante como as pessoas também se adaptam a essa nova Cris, meio limitada mas cheia de alegria por estar de volta ao lado dos colegas de trabalho. Eu amo meu trabalho e o faço com o maior prazer do mundo. E trabalhar é bom que distrai a cabeça, faz a pessoa se sentir útil e de volta à vida. Tenho certeza que o meu trabalho (junto com a minha fé) serão os melhores remédios para a minha recuperação.
Agora é torcer para não fazer muito frio neste inverno, né?
Portadores de DSR, deixo uma mensagem para vocês: a gente tem que querer do fundo da alma lutar contra a DSR, ter consciência das limitações, das coisas que aumentam a dor e ativam a crise, mas temos que ser fortes e superiores a isso tudo. Pois se formos fracos, ela dominará o corpo e ficará cada vez mais difícil a recuperação, pois ela domina. Eu sei disso porque já cheguei sentir dor de mesma intensidade até na outra perna e no braço. Nessa época, eu tinha pena de mim, e foi a pior época da DSR. Quando eu parei de ter medo dela e resolvi enfrentá-la, tudo pareceu mais fácil.
E hoje vivo assim, determinada a vencer a DSR.